A moça, nem tão moça assim, cansada da vida se pôs a sonhar.
E no sonho tão bem sonhado, engendrado entre lençóis estampados, tecia um mundo encantado.
Sonhou que era feliz e que morava num farol em uma ilha do outro lado do mundo.
Lá de cima, via a cidade colorida entre as montanhas verdejantes e do lado oposto, o mar que circundava tudo.
Era tanto mar que a vista se perdia em meio aos variados tons azuis.
A cada dia, acrescentava mais um pedacinho de sonho.
Sonhou com a cidade, com suas casinhas coloridas e ruas de pedras que formavam desenhos pra quem tivesse olhos que quisessem ver.
Aos poucos, foi colocando os habitantes. O velho vendedor de peixes, a mulher gorda que de tão gorda, mal andava e era dona da venda, as crianças que corriam descalças, a menina que pulava corda e o tocador de cítara. Moço bonito com olhos cor de mar, olhos de se perder e de se encontrar. Que sobre o terraço, tocava em notas sonhadas, uma música suave que a cada um fazia suspirar.
Quando seus olhos encontraram os dele, se beijaram sem se beijar. Ela sonhou o beijo, ele correspondeu ao sonho. E ficaram ali, suspensos, durante muito, muito tempo. Um sonho dentro de outro que se entrelaçava num infinito sonhar.
A moça feliz, continuou sonhando para nunca mais querer despertar.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
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Quem sou eu
- Ana Paula Ribas
- carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.
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