quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cannabis

 Dizem que ando fumando um... que ando viajando nas asas da borboleta amarela... só, se no maço de Free, andam colocando Cannabis por engano... Que sé yo ?
Se ando embriagada de um mundo ora, filosófico; ora, ficcional. Se em meio ao perfume que inebria, meto-me em dobras de Sudário, procurando desvendar sequências de Fibonacci. Se choro com as minhas putas tristes ou se caio ao chão como um dos pássaros feridos e me sinto condenada a cem anos de solidão é porque o mundo imaginativo me atrai e descansa, frente a uma realidade seca e doída, repleta de pessoas alienadas em constante alegria.
Nada de mal em ser alegre. Mas alegria constante é um entorpecimento dos sentidos! Excesso de positividade, embrulha-me o estômago, tal qual o excesso de religiosidade.
E além, tem coisa mais chata que um ser humano eternamente feliz? Máquina de sorrisos, hipócrita da alegria? Nunca sentiu raiva, nem um tantinho de inveja! Rancor e ódio? Nem pensar!
Ser humano, demasiado humano, não é pra qualquer mortal! Há um peso e uma responsabilidade, insuportáveis de carregar.
Então, sorrimos. Fazemos ginástica em busca da serotonina perdida e compramos a toque de caixa, a nossa felicidade instantânea.
Empurramos o confronto, face à face, diante do espelho. Disfarçamos com o novo batom, nos iludimos com o creme anti-idade. - Me dê aí, mais um pouco de ilusão, por favor?
Na Rota 66 da crua vida, se eu fizer um balanço, me suicido tal qual me conheço. E será que acordo outra?
É capaz, que acordemos de uma "realidade" inventada e somente assim, nos tornemos atuantes, nessa realidade gritante que aí está, abarrotada de meninos do tráfico e elite da tropa.
São tantos "eu te amo" jogados a esmo nos Orkuts da vida.
- Me ama, mesmo? Me ama quanto?
Banalizaram o amor, banalizamos a vida. Somos todos, tão bonitinhos e robotizados!
Eu te mando frasezinhas copiadas e você me manda outras, numa competição de simpatias e afinidades, sem fim. E dá-lhe mil PPS nas nossas caixas de entrada! Você me conhece, eu te conheço. Somos iguais? Somos, sim. Absolutamente, superficiais e cegos em nossa fogueira das vaidades. Todos, procurando a fórmula mágica de como se dar bem mesmo sendo um bosta. Vambora, então, deitar no divã e contar as nossas melhores mentiras.
- Desculpe, se foi um excesso pra você. É que às vezes, um pouco de verdade, dói.

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Quem sou eu

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carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.