Dizem que ando fumando um... que ando viajando nas asas da borboleta amarela... só, se no maço de Free, andam colocando Cannabis por engano... Que sé yo ?
Se ando embriagada de um mundo ora, filosófico; ora, ficcional. Se em meio ao perfume que inebria, meto-me em dobras de Sudário, procurando desvendar sequências de Fibonacci. Se choro com as minhas putas tristes ou se caio ao chão como um dos pássaros feridos e me sinto condenada a cem anos de solidão é porque o mundo imaginativo me atrai e descansa, frente a uma realidade seca e doída, repleta de pessoas alienadas em constante alegria.
Nada de mal em ser alegre. Mas alegria constante é um entorpecimento dos sentidos! Excesso de positividade, embrulha-me o estômago, tal qual o excesso de religiosidade.
E além, tem coisa mais chata que um ser humano eternamente feliz? Máquina de sorrisos, hipócrita da alegria? Nunca sentiu raiva, nem um tantinho de inveja! Rancor e ódio? Nem pensar!
Ser humano, demasiado humano, não é pra qualquer mortal! Há um peso e uma responsabilidade, insuportáveis de carregar.
Então, sorrimos. Fazemos ginástica em busca da serotonina perdida e compramos a toque de caixa, a nossa felicidade instantânea.
Empurramos o confronto, face à face, diante do espelho. Disfarçamos com o novo batom, nos iludimos com o creme anti-idade. - Me dê aí, mais um pouco de ilusão, por favor?
Na Rota 66 da crua vida, se eu fizer um balanço, me suicido tal qual me conheço. E será que acordo outra?
É capaz, que acordemos de uma "realidade" inventada e somente assim, nos tornemos atuantes, nessa realidade gritante que aí está, abarrotada de meninos do tráfico e elite da tropa.
São tantos "eu te amo" jogados a esmo nos Orkuts da vida.
- Me ama, mesmo? Me ama quanto?
Banalizaram o amor, banalizamos a vida. Somos todos, tão bonitinhos e robotizados!
Eu te mando frasezinhas copiadas e você me manda outras, numa competição de simpatias e afinidades, sem fim. E dá-lhe mil PPS nas nossas caixas de entrada! Você me conhece, eu te conheço. Somos iguais? Somos, sim. Absolutamente, superficiais e cegos em nossa fogueira das vaidades. Todos, procurando a fórmula mágica de como se dar bem mesmo sendo um bosta. Vambora, então, deitar no divã e contar as nossas melhores mentiras.
- Desculpe, se foi um excesso pra você. É que às vezes, um pouco de verdade, dói.
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Quem sou eu
- Ana Paula Ribas
- carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.
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