A sede infinita e nunca saciada, das perguntas sem respostas é a mesma dor, daqueles que não encontram o seu lugar.
- Paz, quero paz! E isso existe? Ela se pergunta. E será que em face a ela, a tão sonhada paz, não irei me desesperar querendo sinais de vida terrestre, extraterrestre ou respostas essenciais nos círculos desenhados em campos de trigo? Porque se tudo está bem, então, quem não está, sou eu _ conclui.
- Louca! Quem lhe disse que tudo sairia bem? Que a vida era só felicidade? Que bastava apenas viver?
Até respirar, as vezes, parecia impossível. O ar seco, entalava no peito oprimido e daí, aquela sensação de pânico. paralisava.
A vista escurecia, ficava turva. O ar entrava em golfadas.
- Mais um passo, mais um passo! O cérebro repetia em vão. O corpo mole e trêmulo feito gelatina.
- Respire! Calma! Só mais um passo, até a poltrona. A cabeça latejando, o corpo latejando.
- Mais um passo! Adrenalina, palpitação, a boca seca. Um passo, a poltrona...calma, calma...respire (silêncio).
- Não quero morrer só, Deus me livre! E repetia em voz baixa, incessante... até passar.
Depois do ataque, permanecia um par de horas atada a poltrona. O ponto cego, mais próximo da paz imaginada. Como fera acuada lambia suas feridas.
Aos poucos, tocava o chão com os pés para certificar-se da firmeza do mesmo. O frio contato com a cerâmica ajudava a coloca-la em contato com a realidade.
Ainda anestesiada, se dirige a cozinha e coloca um pouco de água para ferver. O cheiro do pó de café, o som da água fervente, mais um pouco de realidade. A chaleira apita. O barulho da rua. O gosto doce e amargo. A cafeína... santa cafeína!
- Se eu morresse aqui, só, quantos dias demorariam para me achar? Constantemente, tinha pensamentos mórbidos.
Era solitária, de uma solidão extrema, difícil de suportar. Tudo tão errado... Não casara, não tinha filhos, nem gostos. Sentia-se sem passado e sem futuro. Aprisionada pela vida, suspensa como poeira numa fresta de luz.
- A felicidade é para poucos, dizia baixinho, entre goles de café.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
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Quem sou eu
- Ana Paula Ribas
- carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.
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