quinta-feira, 6 de maio de 2010

Primeira Vez

Sou uma mulher?

Quando eu transei pela primeira vez e naquela época chamava-se fazer amor, me olhei no espelho e perguntei:
- Sou uma mulher?
A primeira vista não me parecia assim tão mulher.
Aquele corpinho magro, aquela menina que olhava o espelho tão curiosa sobre as suas mudanças - aonde elas haviam se escondido?
Ouvira tanto dizer que quando uma mulher se deitava com um homem, dava para ver na cara.
E o medo de sair na rua? Da mãe? Deveria andar com as pernas juntas? Será que notariam?
Tudo tinha sido tão perfeito. Melhor que o tão longamente desenhado encontro que fora tantas vezes sonhado em meus sonhos matinais. Sonhos de menina-moça. Eramos tão jovens. Ele havia sido tão delicado, todo minuto perguntava se doía. Eu balançava a cabeça, dizendo que não. Mesmo que doesse eu não diria. Amava-o tão profundamente, que nenhuma dor poderia ser comparada a ausência dele.
Foi mágico...foi entre nuvens e sonhos.
E depois, apenas a persistente pergunta: - Sou uma mulher?
Eu sonhava um dia, casar-me com ele. Foram cinco anos de namoro e um dia, acordei e não estava mais apaixonada. E no entanto, hoje pensando, eu não mudaria uma linha sequer.
As minhas paixões sempre foram assim, avassaladoras num segundo e noutro já não existiam mais. E os finais, sempre se davam pela manhã. Eu acordava e queria um novo descortinar, uma nova estória, uma outra emoção. Era a chave que abria as portas das minhas mudanças.

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Quem sou eu

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carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.