Eram dois mas poderiam ser apenas um. Dois perdidos numa noite escura.
Ela não tinha mais ninguém além de si. Partilhava consigo suas angústias. Mastigava-as e as engolia. Mentora de si, absolvia-se.
Ele, logo perderia os que lhes eram caros. vivia a espera do inevitável.
Logo, que se encontraram perceberam a simbiose que o destino lhes propunha. Se identificaram imediatamente. Somente os que eram como eles poderiam perceber a tênue marca deflagrada no canto do olhar. Um sinal de súplica, de profunda solidão.
Ela, seria a água que mataria sua sede. Ele, o abraço que resgata.
Juntaram- se ali, naquele instante. Como testemunhas desta memorável união, entre a dor e o desespero, apenas os bêbados que perambulavam pela madrugada.
Dali em diante, seriam carne da mesma carne e sangue do mesmo sangue. Não se separariam mais.
Na mala, ela levou as poucas coisas que possuía. Algumas cartas amareladas pelo tempo, alguns livros, umas fotografias. No dedo, uma única recordação, o anel que a mãe lhe dera. E no coração a esperança emprestada pelo amor.
Sairam naquela mesma noite. Partiram rápido, antes do encanto se quebrar.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
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Quem sou eu
- Ana Paula Ribas
- carioca, taróloga, historiadora em formação pelo Instituto Federal de Goiás, mãe, crocheteira de fios e palavras, ensaísta e poeta de gaveta.
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